- Dorizete, mostra-lhes quem manda

Dorizete tem nome de mulher mas é homem.
Veio do Brasil na esperança de no bananal serem todos octários como se diz na sua terra.
Chegou e venceu.
Não enganou ninguem com conversas de informática nem de advogado.
Foi logo direito ao que interessa.
Entre assaltos a carrinhas de transportes de valores, tão uteis no Brasil, e uns sequestros que costumam acabar em morte lá por aquelas bandas, Dorizete era um mestre.
Queria recolher o suficiente para voltar á sua terra e dizer aos amigos que realmente era verdade: No bananal portugues, são todos uma cambada de otários como as amigas dizem por lá.
E tinha a escolher: Ou ir-se embora a seguir aos primeiros assaltos, ou insistir na esperança de ser apanhado e o Estado portugues lhe pagar a viagem de volta com um pedido de desculpas.
Mas os planos correram mal...
O Estado só lhe pretendia pagar a viagem de volta depois de ele cumprir pena de prisão.
Foi preso mas conseguiu evadir-se sem ninguem o procurar.
Como a tendencia do gamanso era forte e ele tinha a certeza que por estes lados todos eram mesmo otários, decidiu assaltar mais um estabelecimento, desta vez para roubar cigarros que andam como se sabe pela hora da morte.
Foi apanhado novamente.
Não pela policia que não quer chatices dessas, nem está para ser inquirida por causa de um brasileiro, mas por populares que aí sim, incomodaram a policia para o vir buscar.
Foi dentro novamente.
Afinal aqui não são tão octarios como as Bias dizem lá no Brasil...pensou Dorizete.
Mas queria tirar a prova dos nove.
Depois de ser ouvido no Tribunal, e a caminho da cadeia no Linhó, Dorizete abriu as algemas com o agente sentado ao lado, abriu a porta do veiculo da policia, e saltou do carro á frente de todos sem nunca mais ser visto.
Dorizete desta vez ficou convencido: No bananal afinal são mesmo otários.